Aproveitando os feriados de junho, um grupo de amigos decidiu ligar a Praia Fluvial O Moinho a Bragança, sempre que possível por caminhos florestais ou agrícolas e em autonomia relativa.
A meteorologia anunciava tempo predominantemente quente e uma muito forte probabilidade de ocorrência de trovoadas com chuvadas intensas.
O planeamento pressupunha 3 etapas: Benquerença à Guarda; Guarda a Mogadouro e Mogadouro a Bragança. Sobrava o domingo para o calmo regresso de cada um.
Para além das imagens em movimento dos vídeos que aqui vos deixo, nada se compara ou traduz o espírito de salutar e jovial camaradagem entre todos os participantes, que proporcionaram um espetacular fim-de-semana, pleno de convívio e partilha de boas sensações.
Embora sem grandes dificuldades com tempo seco, pode mudar radicalmente para bastante difícil se feito com muita chuva ou com o piso encharcado.
Encontram os links para os trajetos realizados, tal como foram feitos, ou seja, sem qualquer edição, em Wikiloc\100azimutes
Como mandam as boas regras, sugiro que não os façam sozinhos e não facilitem se tiverem dúvidas sobre se devem avançar ou não.
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Ainda durante a fabulosa Expedição à Argélia em 2018, alguns de nós começámos a fazer planos para regressar, tão breve quanto possível. No meu caso, pela pesquisa inicialmente feita, pelo muito que li e alguns filmes que visionei, sabia perfeitamente que o epicentro da nossa fantástica viagem de 2018 não mostrou mais do que algumas gotas num oceano com uma enorme diversidade de realidades, desde algumas características superficiais das cidades mais cosmopolitas, junto ao mediterrâneo, até às mais enigmáticas, quiçá, alegadamente perigosas, do imenso sul. Não obstante, apesar de todos os constrangimentos e das enormes distâncias a percorrer, as múltiplas sensações e experiências vivenciadas nessa viagem marcaram profundamente o desejo de conhecer mais, muito mais, em resumo, de voltar.
Foi assim que se foi tornando cada vez mais forte essa vontade de regressar. A Argélia é tão grande e tão diferente, mesmo considerando a sua quase omnipresente aridez, que o mais difícil era escolher para onde, quando e de que forma. Quando o Parola disse que contava comigo para regressarmos em 2019, reafirmei imediatamente aquela minha vontade e acompanhei tanto quanto possível as reuniões de planeamento. Aqui chegado não posso deixar de manifestar a tristeza pela circunstância do Cardoso, da Ana, da Tita e da Luísa, por motivos diferentes, não terem podido seguir connosco. A vida tem destas coisas, mas, como soe dizer-se, há mais marés que marinheiros e a Argélia vai continuar à vossa (e nossa) espera. Dito isto, para 2019, o grupo decidiu apontar azimute para a região do Grande Erg Ocidental, muito mais próximo do chão Pátrio que o imenso e distante Tassili.
Timimoun foi a escolha óbvia para “Centro de Operações”, mas, desde então, ficámos com mais dúvidas que certezas sobre o modelo que a Expedição teria a partir dali. Em 2018, a “base” foi em Djanet, de onde saímos à aventura e onde regressámos depois de percorrer muitas centenas de quilómetros em plena autonomia e vários dias de quase total isolamento pelo Tassili n’Ajjer. Embora, para este ano, também houvesse a expectativa de alguns dias de autonomia e de bons bivouacs, as pesquisas feitas sugeriam que todos os quase todos os dias teriam saída e chegada a Timimoun. Essa sensação tornou-se quase uma certeza quando, já próximo da partida, a agência que nos deu apoio confirmou que não seria necessário levar jerrycans de reserva na medida em que os depósitos das viaturas deveriam ser suficientes para as incursões/etapas a realizar.
Essa quase certeza acabou por ser totalmente confirmada quando chegámos a Timimoun e solicitámos ao guia local que, em vez de teorizar sobre os “inúmeros e maravilhosos pontos de interesse” que não conhecíamos, desenhasse numas folhas de papel o que estava programado nós fazermos.
Feita esta ressalva, mais do que procurar explicar por palavras o que foi esta Expedição, deixo-vos com alguns vídeos que, apesar de não conseguirem transmitir as fantásticas sensações, os múltiplos sons, os inúmeros odores e o silêncio esmagador do isolamento no Grande Erg Ocidental, talvez consigam mostrar mais eloquentemente o que foi esta viagem, isto, do meu ponto de vista de expedicionário a solo.
Espero que gostem e vos dê vontade de partir, seja para a Argélia ou qualquer outro lugar. Recordem que, muitas vezes, a viagem é muito mais enriquecedora que o destino…
Por último, três breves notas: 1) A Gendarmerie Royale, mais uma vez,primou pela simpatia, eficiência e disponibilidade, mas, no outro lado da moeda, limitou-nos quase totalmente a liberdade de circulação e de mais contacto com a população; 2) A meteorologia, muito melhor em março/abril de 2019 do que em janeiro de 2018: dias mais longos e temperaturas amenas; 3) Os fantásticos companheiros de viagem que foram um exemplo de camaradagem, entusiasmo e entreajuda quando foi preciso.
BEM HAJAM E ATÉ À PRÓXIMA.
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Olá. Antes de mais, desejo-vos um fantástico 2019, com tudo aquilo que mais desejarem.
Tenho hesitado em manter o blog e, concomitantemente, em escrever este artigo. Numa época em que nalgumas redes sociais se mede o “sucesso” pelo número de amigos virtuais, de likes e de uma deliberada exposição que permita parecer estar in, penso ter conseguido manter alguma coerência nos temas abordados, fugindo deliberadamente a uma exposição pessoal que possa ultrapassar os limites fixados desde o início – e já lá vão 8 anos.
Certamente por incapacidade minha (falta de regularidade, défice de atenção, quiçá desinteresse dos tópicos aqui abordados…), ultimamente, este espaço não me tem proporcionado motivação para continuar. A título de exemplo e à data de hoje, o blog tem pouco mais de 190.000 visualizações e o muito mais recente canal do YouTube já as ultrapassou; o blog tem menos de uma centena de subscritores (wordpress + e-mail) e o YouTube já passou os 700.
Só que há duas enormes e substanciais diferenças. Na primeira, os “menos de uma centena” de subscritores do blog, na sua esmagadora maioria, falam português – e é esta NOSSA língua que nos une e constitui um elo completamente distinto do quase total anonimato no YouTube. Na segunda, tão ou mais importante, conheço pessoalmente grande parte destes amigos e companheiros de aventuras. Como não me guio pelo número de subscritores ou seguidores (adjetivos de que não gosto) decidi, por agora, continuar.
Dito isto e sem prejuízo de outras aventuras menos “radicais”, espero conseguir voltar à Argélia no primeiro semestre deste ano – a fantástica expedição de 2018 vincou iniludivelmente essa vontade. A grandiosidade do Sahara argelino foi absolutamente esmagadora. A simpatia da população, da Gendarmerie e dos militares, foram estimulantes e reconfortantes. Os ensinamentos colhidos, assim espero, permitirão evitar alguns erros cometidos e melhorar substancialmente os objetivos da expedição. Dito isto, reitero os votos de um 2019 com muita saúde, bons trilhos, bons ventos e bom regresso a casa.
Fiquem bem e “metam-se ao caminho“…
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Durante o descanso, após a última etapa e devido a uma imprevista mas necessária alteração dos planos, foi necessário suprimir a ligação de Assendilen a Illizi pelos oásis.
Assim, após a saída do Hotel Ténéré a meio da manhã, fomos a Djanet abastecer as viaturas de gasóleo e, no souk, de algum artesanato local. Aqui cumpre referir que há pouquíssimo artesanato genuinamente argelino na cidade, proliferando os produtos do Níger e do Mali – nada que nos retirasse a vontade de adquirir alguns “recuerdos”.
Próximo das 1100, partimos em direção a Taghin e aos famosos arenitos de Assendilen, circulando através de um misto de dunas razoáveis, planaltos de areia dura e alguma pedra. Cerca de 1H depois estávamos a almoçar à sombra de um majestoso arenito, próximo de uma área preparada para treino de escalada, com sinais de estar algo abandonada.
Voltando ao percurso, na subida de uma duna com areia mais solta, os guias atascaram “à beira da praia” e, a partir daí, todos ou quase todos tiveram algum trabalho adicional a ganhar velocidade para superar o cume. O calor apertava bastante e houve um pequeno momento de preocupação quando um dos participantes, que retirava com as mãos areia para desatascar a sua viatura, foi inadvertidamente atingido na cabeça por uma porta que “alguém” abriu provocando-lhe um desmaio momentâneo.
Entre centenas de arenitos de todos os feitios e tamanhos, dunas, grutas, gravuras rupestres e dois arenitos em forma de elefante, entrámos ao final da tarde no Cite Touristique de Assendilen em direção ao Oued com o mesmo nome. Um pouco à frente encontrámos mais uma guarnição militar, quase totalmente oculta entre dunas e vegetação rasteira. Mandaram-nos mudar um pouco o azimute para o rumo pretendido e, chegados ao local do melhor acampamento e serão/convívio de toda a viagem, tivemos direito a um fabuloso “meshwe” cozinhado durante 2 horas na areia pelos nossos guias, com o carneiro envolto em folhas de papel de prata, totalmente cobertas de brasas espalhadas num buraco feito na areia.
Durante a noite, houve quem se “afadigasse” a preparar umas quantas “armadilhas” aos que recolheram mais cedo às tendas.
Por mim e por razões que nem vale a pena referir, prefiro dizer que a expedição acabou aqui. A viagem de regresso a Oran/Valência/Portugal teve uns quantos episódios absolutamente deploráveis a que prefiro não fazer referência. No próximo e derradeiro episódio procurarei ilustrar os momentos mais emblemáticos desta fantástica viagem.